Dólar desce a R$ 5,03 com atuação do Banco Central
Ontem, o Ibovespa fechou em alta de 1,88%, aos 115.129 pontos, próximo da máxima do dia, de 115.262 pontos (alta de 2%). O volume financeiro foi expressivo, de R$ 29,69 bilhões, o que sinaliza que o fluxo estrangeiro segue forte. Em dezembro, até o dia 8, o saldo líquido do investimento externo totaliza R$ 5,93 bilhões.
O movimento contou ainda com a animação no mercado com um novo pacote de estímulos na Europa, de € 1,8 trilhão, para os próximos anos, e o início da produção de vacinas no Brasil pelo Instituto Butantan.
No câmbio, o dólar comercial recuou 2,63%, aos R$ 5,0376. Com isso, atingiu a mínima de fechamento desde 10 de junho, quando ficou em R$ 4,9334. O real teve, de longe, o melhor desempenho do dia entre as principais divisas globais.
Para Marcos Mollica, gestor do Opportunity Total, o mercado de câmbio se beneficia do efeito dos leilões adicionais do BC. “Se seguir o padrão do lote, ele vai ofertar algo em torno de US$ 9 bilhões, frente uma demanda de overhedge de US$ 16 bilhões”, explica o profissional. Isso significa que o Banco Central vai absorver boa parte da demanda dos bancos por dólares neste fim de ano por causa do ajuste no “overhedge”.
Na quarta-feira após o fechamento, o Banco Central anunciou a oferta de até 16 mil contratos de swap cambial em lote adicional - ou seja, não se tratava de uma rolagem de contratos que vão vencer, mas sim uma adição de liquidez no sistema. A oferta, de US$ 800 milhões, foi integralmente vendida ao mercado ontem. E novo leilão do mesmo tamanho já foi anunciado para hoje.
O alívio no câmbio se apoiou, ainda, no tom mais duro adotado na quarta pelo Comitê de Política Monetária (Copom) sobre os rumos da Selic. “O lado hawkish do Copom traz expectativa de juros mais alto no curto prazo do que vinha sendo esperado. Isso se reflete na alta da parte curta da curva de juros também. Juros mais altos ajudam o câmbio. Ao mesmo tempo, a questão do swap tira a pressão que vinha pelo lado de fluxos cambiais principalmente agora para o fim do ano, como a questão do overhedge”, afirma Rafael Sabadell, analista da Verus Capital.
O que direcionou o movimento comprador no Ibovespa foi a disparada das commodities. O petróleo Brent para fevereiro subiu 2,84%, a US$ 50,25 o barril, superando a marca dos US$ 50 pela primeira vez desde março. Junto, PetroRio ON fechou com valorização de 6,08%, Petrobras ON subiu 3,63% e a PN avançou 3,27%.
Já o minério de ferro subiu 4,3% no porto de Qingdao, a US$ 156,58 a tonelada, acumulando em 2020 uma valorização de 70%. Vale ON fechou em alta de 2,78% e CSN ON subiu 10,50%. No caso de CSN, houve ainda a força compradora gerada por projeções divulgadas em encontro com analistas e investidores. Entre diversos pontos, a empresa projeta Ebitda de R$ 11,2 bilhões em 2020 e uma alavancagem abaixo de 2,5 vezes.
As ações do setor bancário, que representam mais de 15% do Ibovespa, também tiveram sessão de ganhos. Banco do Brasil ON avançou 5,20%, seguida de Bradesco ON (4,36%), Itaú Unibanco PN (3,31%) e Santander units (2,33%). Segundo profissionais do mercado, o setor é favorecido pela expectativa de que o Banco Central volte a subir juros em 2021. A leitura veio após a reunião do Copom, no qual a autoridade monetária manteve a Selic em 2% ao ano.